Subi ao palco do Midrash, no dia 18 de julho, para apresentar pela primeira vez as 18 canções da história de "Ed Galanti e o tesouro do Morro do Castelo". Posso dizer que saí muito satisfeito, pela certeza que me deu de estar fazendo algo que eu ainda não tinha feito. Veja, eu sei que isso já foi feito, sei que não estou inventando a roda, mas é uma coisa nova na minha carreira de compositor.
Para quem não viu a apresentação, vou passar um pouco do que rolou. A idéia é fazer de Ed Galanti um espetáculo áudio visual. Mas como ainda não há imagem, resolvi inserir um elemento diferente que me ajuda a manter o fio condutor da história. Esse elemento é um personagem (Tenório) para quem eu vou contando o enredo enquanto canto cada uma das canções que vão montando a trama. Não houve aplausos entre uma canção e outra, a pedido meu, o que deu o clima certo para o desenrolar da história.
Atuei, portanto, também como ator. Quem estava lá falou que pareceu um espetáculo de teatro, o que eu nem havia cogitado pensar. Mas de fato havia um cenário. O palco foi montado com uma mesa e quatro cadeiras, representando meu
apartamento, onde recebi esse grande amigo, o Tenório (imaginário),
para quem eu contaria toda a saga de Ed Galanti e o tesouro do Morro do
Castelo.
Gabriel Geszti participou, brilhantemente
como de costume, mas não foi apresentado. Ele apareceu de repente no
palco e fizemos duas canções e dois números instrumentais, como se
aquilo fosse uma mensagem sonora que iria esclarecer algum detalhe da trama.
Ao longo da apresentação, senti o público envolvido com a história.
Teve gargalhadas em alguns momentos e tensão em outras partes.
Foi uma apresentação, com toda certeza, experimental. Ela renova o meu trabalho e abre portas para muitas possibilidades de criação. Muita coisa há pra se fazer. Vamos em frente!
Abraços a todos
DOMINGO NÃO VOU AO MARACANÃ
Aqui no Brasil sempre houve espaço para um elemento chave desse emblema
que foi, por anos e anos, o futebol no Brasil: o torcedor apaixonado.
Eu mesmo sempre fui um desses torcedores, que tinha o futebol como motivo de satisfação e divertimento. Prioridade absoluta em domingos, desde a resenha ao meio dia até o final da noite com a mesa redonda seguida do vídeo tape. Tive, mas não tenho mais. De fato, o que eu curti com aquele time de Zico, Adílio, Leandro, Andrade, Nunes, Tita, Lico, Mozer, não dá pra esquecer. Tudo aquilo vai ficar pra sempre guardado na memória, como uma das maiores obras primas da arte de todos os tempos. Lembro de muitos e muitos jogos, gols incríveis, foi demais!
Mas essa balela de padrão FIFA, as exigências ridículas, os gastos absurdos, os estádios transformados em teatros... É exagerado o valor que se dá ao futebol. Sempre foi, aliás. Tanto o valor financeiro quanto o que ele representa pras pessoas. Gente, aquele pereba do Carlos Eduardo, que está entrando em campo pelo Flamengo, ganha R$500.000,00 por mês... Ele é péssimo jogador. Meio milhão! E ainda que fosse o Messi, seria demais. Esse, então, ganha mais de R$3.000.000,00 por mês. Como se faz um mundo justo dessa maneira? Como se tira os mendigos das ruas assim?
Bom, mas graças à antipatia que começa a causar nos torcedores essa duvidosa instituição que é a FIFA, vejo muita gente começando a enxergar outras prioridades da vida e outras formas de entretenimento. Eu estou nessa. Se ainda acompanho os jogos do Flamengo, é por tudo que aconteceu entre 1978 e 1983, quando foi mágico. Agora, com esse futebol em que o cara joga 3 meses no clube e vai embora pra outro por um salário maior, porque o anterior também não pagava ele em dia, porque estava cheio de dívidas e de rombos causados por dirigentes pilantras e incompotentes,esse futebol que está aí não pode ser do mesmo modo. Não dá mais pra acompanhar futebol apaixonadamente. No máximo, a gente acompanha assim como se vê a dança dos famosos. Ou seja, cagando e andando.
SOMOS POLITIZADOS OU ESTAMOS, UMA VEZ MAIS,
SERVINDO DE MASSA DE MANOBRA?
No início dessas manifestações todas eu estava eufórico, achando
que era isso mesmo que precisava acontecer para mudar alguma coisa por
aqui. Ainda acho. Porém, mesmo correndo o risco de entrar numa de
"teoria da conspiração", vejo que há grande chance desse movimento ter
sido iniciado por partidos de direita, interessados em desestabilizar de
vez o atual governo. Foi o pessoal do passe livre? Ok, mas os políticos
podem ter pego uma carona aí, não?
É, eu sei, não há
indicação nas passeatas de nenhum partido envolvido. Mas e daí? Eles
mesmos podem ter arquitetado isso para dar mais autenticidade às
manifestações. As reivindicações são todas perfeitas, não há como negar,
é evidente que, governo após governo, só vemos a saúde, a educação, a
segurança e todos os serviços públicos ficarem totalmente abandonados e
ineficientes. Existe, sim, um clamor popular por justiça, por menos
corrupção e desleixo dos governantes. Mas eu me pergunto: É possível que
estejamos sendo usados nisso tudo? Será que estamos sendo, uma vez
mais, massa de manobra na mão desses miseráveis?
E
ainda que seja isso, não tem muito jeito: temos que seguir em frente,
porque é assim que a coisa anda. O que tem acontecido, como conseqüencia
das manifestações, comprova isso.