Cinema Diletante

Cinema Diletante
Cinema Parasiso - 1988

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

GRAVIDADE, FILME DE ALFONSO CUARÓN, É UM ACONTECIMENTO

  Meus amigos,

  De vez em quando nos deparamos com uma criação de verdade. Não falo de uma coisa bonitinha, não é apenas uma coisa que nos faz bem. Não é "um dos melhores". Isso é pouco para esse tipo de criação a qual me refiro. É um acontecimento que faz você parar tudo e pensar: "Nunca vi nada assim antes".

  Pois é, o filme "Gravidade", do mexicano Alfonso Cuarón, me trouxe essa sensação. Um filme simplesmente espetacular! Clássico desde seu nascimento!

  O fator principal de grandiosidade é sem dúvida o visual estonteante dessa obra prima. Nunca o espaço foi filmado de maneira tão bela quanto aqui. Talvez só comparável a "2001, uma odisseia no espaço". Mas claro, só o visual não seguraria o filme. São dois atores apenas, alguns destroços e o espaço sideral. George Clooney e  Sandra Bulock tem que se virar. Ela principalmente.

  A história é simples. Três astronautas estão fazendo vistoria em uma estação espacial. Sandra bulock é Ryan Stone, engenheira que foi mandada na missão junto ao piloto veterano Matt Kowalski (George Clooney) além de um terceiro que mal aparece.

  O filme é todo passado no espaço, com exceção do finalzinho, que nem cabe descrever de tão impactante. Na abertura, tudo maravilhosamente calmo, num plano sequência longo e sensacional do espaço, até que vem a notícia de Houston de que uma chuva de meteoritos está indo pra cima dos três. A partir daí vira uma luta dos dois pela sobrevivência, com muito suspense. 


  É um filme bastante caro, algo em torno de 100 milhões de dólares, mas ainda bem que foi feito. Uma obra prima como essa não tem preço, pois acrescenta muito. Da mesma forma que não tem preço "Metropolis", do mestre Fritz Lang, que também custou uma fortuna, mas revolucionou o cinema.

  Contribuem muito para o sucesso da obra a ótima trilha sonora de Steven Price e, claro, a fotografia monumental de Emmanuel Lubezki. São filmes assim que ainda me fazem ter esperança em nossa existência, ainda que ela seja ilógica.

Abraços a todos.

  E O GALANTI ESTARÁ EM BH NA 6ª FEIRA!

  Então, semana que vem, dia 25 de outubro - 6ª feira - estarei em Belo Horizonte para mais uma apresentação das canções da saga de "Ed Galanti e o tesouro do Morro do Castelo". Será muito prazeroso voltar a tocar nessa cidade especial, que sempre me acolhe muito bem. Vamo que vamo!

domingo, 29 de setembro de 2013

PROMETEU, PREFEITO? ENTÃO TÁ NA HORA DE CUMPRIR!

  Meus amigos, muito bom dia!

  Olha, quem é importante, é sempre muito visado. Caetano Veloso é uma figura muito polêmica, sempre foi e sempre será. Mas se existe uma verdade sobre o cara, é que ele é de uma inteligência e de uma lucidez admiráveis. Além de ser, claro, um gênio como compositor. Embora eu faça minhas críticas à uma certa parcialidade dele com quem está em evidência, seja com os talentosos, seja com os bem assessorados (tem muito artista aí sendo fabricado por produtores espertos), sei que o Baiano é um monstro como criador e um de nossos artistas mais representativos.

  Abro o texto assim, enfatizando a grandeza de Caetano, para agradecer e dar os parabéns a ele por seu apoio, declarado no Globo deste domingo, ao movimento e luta dos professores municipais e estaduais do Rio de Janeiro. Disse ele:
   
  "A greve dos professores do Rio é um assunto que deveria estar sendo acompanhado com mais atenção. Educação é o tema mais importante dentre todos os que a sociedade brasileira fez questão de mostrar que a afligem e impacientam. O modo como os professores do Rio vêm sendo tratados pela prefeitura deveria despertar protestos mais audíveis e visíveis. A classe média (e não só a classe média) saiu às ruas muitas vezes recentemente para demonstrar que não está sedada. O clamor por melhoria no tratamento dado à educação, em todos os níveis, foi ponto central dessas movimentações. Que os professores continuem se manifestando, através da greve e de idas em grupo à Câmara dos Vereadores, é sinal de que o essencial do desassossego brasileiro não está amortecido. Levar uma palavra ou um gesto de apoio ao movimento dos profissionais da educação é, neste momento, uma mostra de coerência da parte de quem se mexeu para não deixar tudo como está. Estive viajando e trabalhando muito, por isso não pude ver melhor tudo o que se passa nesse drama. Mas não quero deixar de fazer aqui um aceno em direção os professores grevistas".

  Obrigado, amigo Caetano!

  O que acontece com a educação agora não é de hoje. Desde que o Brasil foi inventado que a educação pública serve de escada para promessas eleitorais que nunca se cumprem. É uma falácia, uma falsidade e uma falta de vergonha que beira o sadismo. Pois bem, essa geração de professores está dizendo CHEGA! Prometeram? Então agora tá na hora de cumprir, companheiro. A responsabilidade é sua (dos atuais Cabral e Paes, aos outros todos que não largam o osso, Garotinho, Rosinha, Cesar Maia...). Prometeram? Então tá na hora de pagar! Tem que pagar, senão a chapa vai esquentar. Tão achando que daqui a pouco passa? Vai esperando...

  "VIDAS SECAS", DE NELSON PEREIRA DOS SANTOS, É ANTOLÓGICO!!

  Há muito que eu estava atrás do filme de Nelson Pereira dos Santos, "Vidas Secas". O Instituto Moreira Salles, em trabalho elogiável, resgatou a obra e a lançou em DVD. Comprei e ontem assisti aqui em casa, no telão do data show. É um filmaço sensacional, ao melhor estilo neo realismo. Uma obra que não deve nada os clássicos do movimento italiano.

  O filme abre mostrando a vastidão do deserto nordestino, e bem ao fundo uma família errante que caminha ao léo, em busca de um alento qualquer que possa trazer um fio de esperança à eles. A aridez assusta, junto com a trilha sonora, que tem apenas o som contínuo de um berrante em uma só nota, parecendo o grito da agonia e do desespero nordestino. De cara vemos o sacrifício de um papagaio pela família em favor da satisfação da fome de todos. A mãe Sinhá Vitória diz: "Ele não servia pra nada mesmo. Não sabia nem falar". Da família (pai, mãe e dois filhos) destaca-se a cachorra Baleia, que traz alguma alegria e conforto e caça pequenos animais, ajudando na alimentação.

  Depois de muito caminhar, a família finalmente chega a uma pequena comunidade rural. O pai da família, Fabiano, arruma logo emprego e ganha uns cobres. O sonho de conforto volta. Mas Fabiano acaba perdendo tudo em uma jogatina com guardas locais. Estes ainda o provocam e ele acaba preso e agredido na prisão.

  Já de volta, a família é dispensada do trabalho e se vê obrigada a voltar à dureza das areais ardentes do sertão. Baleia, a cachorrinha da família, vai perdendo as forças durante o filme e acaba tendo uma morte apoteótica e muito representativa. A cena é impressionante, de uma beleza inesquecível. Assim como todo o filme. Em dado momento, a mulher da família comenta: "que vida é essa, meu Deus? É vida de bicho! É melhor morrer". Ao mesmo tempo, um de seus filhos suspira e repete a palavra "inferno" várias vezes. Mas mesmo com tudo contra, ao final, quando voltam à ser andarilhos no sertão, a esperança se mostra uma força invencível nas palavras dos pais: "Nós ainda teremos vida boa, ainda dormiremos em cama de couro".

  Que maravilha conhecer finalmente "Vidas Secas", a lendária obra prima de Nelson Pereira dos Santos!! Afirmo que o filme é um dos cinco melhores que vi na vida! Quem não viu ainda, veja! É um filme inesquecível! A próxima obra a assistir é "Memórias do cárcere". Vamos à ela!

  ED GALANTI EM BELO HORIZONTE

  Estarei apresentando minha novela policial e musical "Ed Galanti e o tesouro do Morro do Castelo" em Belo Horizonte, no dia 25 de outubro. Tô muito feliz de poder voltar a me apresentar nessa cidade tão especial e que sempre me acolhe carinhosamente sempre que pra lá eu vou. Estou trabalhando para concretizar este projeto da forma que tem que ser, com vídeo junto, que é como imagino ele. Essas apresentações de agora são importantes e funcionam como uma radionovela. A versão que quero fazer é de um filme noir musical, com imagens expressionistas. Em preto e branco.

  É isso. Conto mais em breve!

  Beijo grande a todos! 

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

PROFISSIONAIS DA POLÍTICA

  Pois é, sou compositor, faço minhas apresentações, meus discos e trabalho como professor de música. Todo mundo se vira pra trabalhar e ter o seu quinhãozinho suado pra pagar as contas e seguir sonhando e vivendo, na medida do possível, as coisas boas da vida. São os trabalhadores, certo? Os médicos, arquitetos, advogados, motoristas de táxi, de ônibus, pedreiros, jornalistas... Todos estes tem a sua ocupação, aquele batente pesado, a coisa do stress que cada um procura administrar da melhor maneira.

  E os políticos? Eu podia perguntar diferente: "E para aqueles que trabalham com política?". Mas a pergunta estaria errada. Ninguém trabalha com política. As pessoas se metem na política. E aquelas que ganham a vida com ela são manipuladas pela máquina, porque não tem como mudar o funcionamento desse negócio. É tudo negociado à base de propinas e taxas, "abre aqui que eu facilito lá". Cada vez mais gente desocupada (leia-se: sem emprego, gente sem ética e sem vontade de trabalhar, de suar a camisa) entra na política e fica a vida inteira nela. A VIDA INTEIRA. E não basta, o sujeito põe os parentes e amigos lá também. E estes igualmente ficam A VIDA INTEIRA MAMANDO NO DINHEIRO PÚBLICO.

  Em época de eleição, temos que ouvir aquela mesma lenga-lenga de sempre, com projetos lindos de melhoria na educação, na saúde e na segurança, coisas para as quais esses DESOCUPADOS estão CAGANDO e ANDANDO. A estrutura da educação no Rio de Janeiro é horrorosa, cheia de situações irregulares, um show de desrespeito aos professores, funcionários e alunos, todo o setor de educação pública. Eles fingem que dão estrutura decente às escolas, fingem que o número de alunos por turma é o ideal, fingem que acabaram com a aprovação automática, fingem que pagam bem os professores e funcionários, fingem que cuidam maravilhosamente dos hospitais, da segurança...

  Esse prefeito e esse governador são apenas dois a mais dentre todos os homens que passam pelo mesmo processo de sujeira, mentira e falta de consciência que essa engrenagem chamada política proporciona. Dizem assim: "Nós os representaremos, em nosso governo vocês serão ouvidos". Ora, quem disse que eu quero ser representado por alguém? Eu não assinei nenhuma carta autorizando-os a me representar. Se eu quiser falar eu falo, não quero que falem por mim. Até porque só falam bobagem... E como brincam com dinheiro público, hein? A grana só vai onde interessa a eles que vá... Cacete, oferecer dinheiro ao Wood Allen pra ele fazer filme sobre o Rio de Janeiro foi dose pra tiranossauro. O desleixo com a vida da população é falta de vergonha, é falta de hombridade, de honra, total desfaçatez. Vão pra Pt%&¨#RERER#Xsdwdddwsaxd!!!!!!!

  Quando eles não são eleitos, o que fazem? Quatro anos desempregados? Vão trabalhar em quê? Em nada, ficam na sombra dos seus respectivos partidos, bancados pelo dinheiro público. Alô vagabundos da política, arrumem emprego, seus párias! Vão trabalhar, seus desocupados!!

   PRÓXIMA ELEIÇÃO PARA GOVERNADOR DO RIO
   SERÁ UMA AFRONTA À NOSSA INTELIGÊNCIA!

  E o que nos espera no ano que vem, hein? Com candidatos que são verdadeiros astros na arte da falácia, da cara de pau e da roubalheira? Crivela, Garotinho, Lindberg... É fim de linha! Proponho a campanha VOTO ZERO!! Não vamos votar em nenhum, minha gente. Sem essa de escolhermos o menos pior. Até porque no ano que vem nem haverá um menos pior. SÃO TODOS "MAIS PIORES"!! Eu não voto nessas caras. E tá lançada a CAMPANHA VOTO ZERO!! NÃO VOTO EM NENHUM DESSES PILANTRAS! REPITO: N-E-N-H-U-M!!

  E chega de falar de política...


  FUTEBOL TEM QUE SER BARATO

  Podem me chamar de chato, mas pra mim jogador de futebol ganhar R$1.000.000,00 por mês é outra brincadeira. Muitos trabalham a vida inteira com coisas muito mais importantes para o planeta e não conseguem juntar um mês sequer desse salário astronômico. E tem vários jogadores ganhando mais que isso por aí...
 
  Aí os dirigentes, para pagam esses salários absurdos, sobem o preço dos ingressos e dizem que "o futebol é um produto muito caro, quem quer assistir tem que pagar o preço de mercado". Ora, vá plantar fruta do conde! Futebol aqui no Brasil tem que ter duas coisas: a galera enchendo o estádio e a rivalidade latejando dentro do campo. Estádio cheio implica preço mais baixo. E a torcida se motiva mais quando há rivalidade no jogo. Aquela coisa que tinha em tempos atrás, de quando tinha um clássico, antes do jogo um time ficar agulhando o outro durante a semana, faz falta. Hoje, com esse discurso politicamente correto, muita coisa se perdeu, coisa que faz parte da alma do futebol. Queira ou não queira é assim que a banda toca.

  Confesso que ontem eu liguei a TV com uma animação surpreendente para ver Flamengo e Cruzeiro. Cheguei em casa junto com Carol e fui ligando TV e rádio para assistir o jogo. Eu sei que esse time do Flamengo é bem ruinzinho, não me iludo não. Mas ontem eu sentia que dava pé, que o Cruzeiro não tava com essa força toda. E quando começou a partida, vi que estava certo. Tinha um clima de vitória no estádio, uma vibração que a gente sente quando ela acontece. E achei que ontem o Flamengo realmente mereceu ganhar o jogo. E mais, vendo esse Elias jogar, um volante de muita qualidade, me lembro de tempos melhores e ainda tenho uma certa esperança de curtir um pouco mais os jogos. Elias merece um time de verdade, não esses pernas de pau que estão lá. Mas sem astros com salários de um milhão por mês, por favor.

  ED GALANTI VAI VIAJAR

  Minha gente, quem não viu a estréia de Ed Galanti no espaço Midrash, no Leblon, terá que esperar um pouco mais para conhecer a história. Estou saindo para algumas apresentações fora do Rio sobre o Galanti e talvez só me apresente novamente por aqui no ano que vem. Ainda não sei, mas podem pintar outros projetos aqui pelo Rio que não seria para a saga do Galanti e o Morro do Castelo. Avisarei na sequência.

  Ainda sobre o Galanti, vem aí uma série de aventuras do mafioso ítalo-carioca, uma canção para cada uma delas. A primeira é Ed Galanti contra Fred Krueger. Não percam!!

  Abraços a todos!

 

domingo, 21 de julho de 2013

ED GALANTI - UMA APRESENTAÇÃO EXPERIMENTAL

   Subi ao palco do Midrash, no dia 18 de julho, para apresentar pela primeira vez as 18 canções da história  de "Ed Galanti e o tesouro do Morro do Castelo". Posso dizer que saí muito satisfeito, pela certeza que me deu de estar fazendo algo que eu ainda não tinha feito. Veja, eu sei que isso já foi feito, sei que não estou inventando a roda, mas é uma coisa nova na minha carreira de compositor.

  Para quem não viu a apresentação, vou passar um pouco do que rolou. A idéia é fazer de Ed Galanti um espetáculo áudio visual. Mas como ainda não há imagem, resolvi inserir um elemento diferente que me ajuda a manter o fio condutor da história. Esse elemento é um personagem (Tenório) para quem eu vou contando o enredo enquanto canto cada uma das canções que vão montando a trama. Não houve aplausos entre uma canção e outra, a pedido meu, o que deu o clima certo para o desenrolar da história.

  Atuei, portanto, também como ator. Quem estava lá falou que pareceu um espetáculo de teatro, o que eu nem havia cogitado pensar. Mas de fato havia um cenário. O palco foi montado com uma mesa e quatro cadeiras, representando meu apartamento, onde recebi esse grande amigo, o Tenório (imaginário), para quem eu contaria toda a saga de Ed Galanti e o tesouro do Morro do Castelo.
  
  Gabriel Geszti participou, brilhantemente como de costume, mas não foi apresentado. Ele apareceu de repente no palco e fizemos duas canções e dois números instrumentais, como se aquilo fosse uma mensagem sonora que iria esclarecer algum detalhe da trama.

  Ao longo da apresentação, senti o público envolvido com a história. Teve gargalhadas em alguns momentos e tensão em outras partes.

Foi uma apresentação, com toda certeza, experimental. Ela renova o meu trabalho e abre portas para muitas possibilidades de criação. Muita coisa há pra se fazer. Vamos em frente!

  Abraços a todos
 

   DOMINGO NÃO  VOU AO MARACANÃ

 Aqui no Brasil sempre houve espaço para um elemento chave desse emblema que foi, por anos e anos, o futebol no Brasil: o torcedor apaixonado.

  Eu mesmo sempre fui um desses torcedores, que tinha o futebol como motivo de satisfação e divertimento. Prioridade absoluta em domingos, desde a resenha ao meio dia até o final da noite com a mesa redonda seguida do vídeo tape. Tive, mas não tenho mais. De fato, o que eu curti com aquele time de Zico, Adílio, Leandro, Andrade, Nunes, Tita, Lico, Mozer, não dá pra esquecer. Tudo aquilo vai ficar pra sempre guardado na memória, como uma das maiores obras primas da arte de todos os tempos. Lembro de muitos e muitos jogos, gols incríveis, foi demais!

  Mas essa balela de padrão FIFA, as exigências ridículas, os gastos absurdos, os estádios transformados em teatros... É exagerado o valor que se dá ao futebol. Sempre foi, aliás. Tanto o valor financeiro quanto o que ele representa pras pessoas. Gente, aquele pereba do Carlos Eduardo, que está entrando em campo pelo Flamengo, ganha R$500.000,00 por mês... Ele é péssimo jogador. Meio milhão! E ainda que fosse o Messi, seria demais. Esse, então, ganha mais de R$3.000.000,00 por mês. Como se faz um mundo justo dessa maneira? Como se tira os mendigos das ruas assim?

  Bom, mas graças à antipatia que começa a causar nos torcedores essa duvidosa instituição que é a FIFA, vejo muita gente começando a enxergar outras prioridades da vida e outras formas de entretenimento. Eu estou nessa. Se ainda acompanho os jogos do Flamengo, é por tudo que aconteceu entre 1978 e 1983, quando foi mágico. Agora, com esse futebol em que o cara joga 3 meses no clube e vai embora pra outro por um salário maior, porque o anterior também não pagava ele em dia, porque estava cheio de dívidas e de rombos causados por dirigentes pilantras e incompotentes,esse futebol que está aí não pode ser do mesmo modo. Não dá mais pra acompanhar futebol apaixonadamente. No máximo, a gente acompanha assim como se vê a dança dos famosos. Ou seja, cagando e andando.

  SOMOS POLITIZADOS OU ESTAMOS, UMA VEZ MAIS,
  SERVINDO DE MASSA DE MANOBRA?

  No início dessas manifestações todas eu estava eufórico, achando que era isso mesmo que precisava acontecer para mudar alguma coisa por aqui. Ainda acho. Porém, mesmo correndo o risco de entrar numa de "teoria da conspiração", vejo que há grande chance desse movimento ter sido iniciado por partidos de direita, interessados em desestabilizar de vez o atual governo. Foi o pessoal do passe livre? Ok, mas os políticos podem ter pego uma carona aí, não?

  É, eu sei, não há indicação nas passeatas de nenhum partido envolvido. Mas e daí? Eles mesmos podem ter arquitetado isso para dar mais autenticidade às manifestações. As reivindicações são todas perfeitas, não há como negar, é evidente que, governo após governo, só vemos a saúde, a educação, a segurança e todos os serviços públicos ficarem totalmente abandonados e ineficientes. Existe, sim, um clamor popular por justiça, por menos corrupção e desleixo dos governantes. Mas eu me pergunto: É possível que estejamos sendo usados nisso tudo? Será que estamos sendo, uma vez mais, massa de manobra na mão desses miseráveis?

  E ainda que seja isso, não tem muito jeito: temos que seguir em frente, porque é assim que a coisa anda. O que tem acontecido, como conseqüencia das manifestações, comprova isso.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

COLETIVO CHAMA - UM PORTAL PARA FORA DA MESMICE

  Bom, sobre o que eu disse no texto anterior quanto à novidades em nossa canção, você me pergunta: "Mas Kneip, sobre o "chover no molhado", diz aí, quem está fazendo algo de novo em nossa canção?"

  Claro, a pergunta é pertinente. Essa galera do diferente não tem aparecido na mídia, é quase um caso de Arquivo X, mas está por aí. Não queria citar nomes, mas aí vão dois: Kiko Dinucci, em São Paulo, e Ivo Senra, no Rio de Janeiro. Em Minas, em Brasília, Pernambuco, também estão. Mas como moro no Rio, falarei mais sobre os daqui.

  Querem saber onde eles estão? Pois uma boa dica é ligar o seu rádio na Roquete Pinto - 94,1 FM - nas 6ªs feiras às 20:00hs. É o horário do programa do Coletivo Chama, a Rádio Chama.

  A Radio Chama é um portal para o alternativo, para o diferente. É uma valvula de escape para quem quer fugir da mesmice do repertório de músicas convencionais das rádios comerciais. Não que este repertório seja necessariamente ruim, mas é sempre o de sempre. Em geral, enjoativo.

   Produzido pelos talentosos Thiago Amud, Ivo Senra, Thiago Thiago de Mello, Sergio Krakowski, Renato Frazão, Pedro Moraes e Cezar Altai, o programa, que já fez aniversário, expõe um rico mosaico, abrindo caminho para talentos totalmente ignorados pela maquina de mercado musical e colocando para quem quiser ouvir um ponto final sobre a inexistência de algo diferente na nossa canção.

  Mas é preciso abrir a mente, o coração e as perspectivas. A busca é por um negócio que se assemelha à assinatura. Como a Nouvelle Vague buscava um negócio chamado "cinema de autor", onde você vê um filme que nunca viu, porque é feito de uma forma não convencional. A música brasileira também é assim. Sempre tivemos autores de assinatura própria, que transgrediam uma forma para criar outra. A bossa nova (falei que estou cansado dela? Pois é...rs) é um exemplo. Na época que a bossa nova surgiu, foi dado um chega pra lá em grandes nomes da música brasileira, taxados de "ultrapassados". Injusto, mas isso aconterce. A bossa nova foi um importante marco em nossa canção e é exemplo a ser seguido. Porém agora estamos em momento de nova virada.

  Assim como o Rádio Chama, há outras fontes de novidades espalhadas. É só fuçar, perguntar aqui e ali, investigar. Quem quiser se dispor, certamente encontrará.

  Não, os diferentes não são melhores do que ninguém. Porque tem "chover no molhado" que é maravilhoso mesmo. É  chuva de prata, com anjos tocando órgão e Deuses dançando. Mas em verdade, quando isso ocorre, prefiro acreditar que houve uma quebra qualquer de padrão. Alguma surpresa surgiu nessa "chuva" para que esse efeito aparecesse. Um raio atravessado, de outra dimensão, sei lá eu.

  Enfim, resumindo, nas 6ªs feiras - 20:00hs - tomem coragem e sintonizem seus rádios na Roquete Pinto - 94,1 FM. Ao invés de seguirem pelo caminho de sempre, como itinerário de ônibus, virem o volante para outra direção, pois muito mais existe além da linha do "sucesso de público", do "Prêmio Multishow", da MPB FM. É como o filme Meia Noite em Paris. Um portal para uma outra visão, uma que não é mostrada, uma porta secreta.

   Experimentem!

 MARACANÃ REINAUGURA NESTE DOMINGO

  Pois é, com muito entulho, canos soltos, fios e transtornos aos borbotões, teremos a temerária reabertura do Maracanã. Brasil e Inglaterra jogarão na arena Eike Batista, ou... digo..., jogarão no novo Maracanã. O Ministério Público tentou, em vão, o cancelamento do jogo.

  Para quem está longe pode parecer exagero a tentativa de cancelamento, mas o fato é que ainda há muita coisa em obra na área ao redor do estádio. O próprio estádio, que dizem já estar pronto, continua com "bicos" a serem aparados. Não deve acontecer nenhum problema, até porque é jogo de festa. Mas que existe risco, isso existe.

  Aliás, já se questiona como será no pós copa o Maracanã, com essa nova roupagem, mais cara, mais sofisticada. E dentro do campo, mais vulnerável. Com ingressos caríssimos, o público vai diminuir. É provável que o preço tenha que cair, para o público voltar. Mas claramente a intenção é elitizar o estádio. A segurança do campo de jogo diminuiu, já que não há mais alambrado nem fosso. Vamos ver quando a bola rolar como isso tudo irá funcionar.

  É o Brasil, o País do futuro... Que maravilha! Imagina na copa...
   

 

  

   

  

quarta-feira, 29 de maio de 2013

A NOUVELLE VAGUE DA MUSICA BRASILEIRA

  Alô amigos,
  Muito boa noite (escrevo agora, às 19:46 de terça feira - 29/05)...

  Bom, muito tenho pensado sobre nós, os compositores. Em especial sobre a questão do tal "processo criativo". E queria levantar uma questão sobre isso, sem citar nome de ninguém (isso não vem ao caso), fazendo um paralelo do nosso momento com a Nouvelle Vague, o importante movimento do cinema francês.

  Adquiri há poucos dias os clássicos da Nouvelle Vague, "Acossado" e "Hiroshima meu amor", que foram relançados pela editora Versatil. As duas edições vieram com ótimo material de extras, incluindo várias entrevistas e matérias esclarecedoras sobre os cineastas que fizeram parte desse movimento.

  Quando se fala em Nouvelle Vague, se fala em "quebra de padrões", "Narrativa fragmentada", "Oposição ao universo bem comportado do cinema convencional", "cinema autoral", "rompimento com gerações de cineastas consagrados". Se achavam, né?! rs

  Trazendo essas idéias para o nosso momento musical (principalmente as canções), acho que "quebra" é uma palavra urgente. E vejo, ainda bem, gente procurando isso o tempo todo. Às vezes conseguindo resultado interessante, às vezes não. Mas sempre buscando. Alguns rompendo mais com a tradição, outros menos. Alguns mais pretensiosos, outros menos. Estão por aí, em São Paulo, em Minas, em Pernambuco, aqui pelo Rio, enfim.

  Honestamente, hoje eu prefiro ouvir essa turma do que ouvir pela milésima vez clássicos da bossa nova, do samba, tributos aos mestres da música...

  Não, agora quero saber da novidade. Eu conheço alguns que me ensinaram muitas delas, graças a Deus. Gente mais nova e gente mais velha. Tem até um mais velho, aqui do Rio, que nem sabe, mas é quem puxa o cordão de todos nós que estamos nessa jornada de busca.

  E esse povo todo pode passar totalmente em branco, sem que ninguém consiga se destacar. Da mesma forma que o Dunga foi campeão do mundo e Zico, Falcão e Sócrates não foram.

   Podem dizer que isso significa pedantismo, pretensão, papo de intelectual, tudo bem. Pode até ser. A galera da Nouvelle Vague era isso mesmo. Também foram assim Orson Welles e Hitchcok, e também são assim Tarantino e Lars Von Trier. Já expus minha opinião aqui de que arte implica pretensão sempre. Mas agora gostaria de me corrigir: mais do que pretensão, arte implica CORAGEM. Ocorre que alguns corajosos são bem pretensiosos também. Mesmo assim, falando de arte, prefiro estes aos que chovem no molhado.

FALANDO EM LARS VON TRIER

  Tive por muito tempo preconceito com o tal do Lars Von Trier. Aquele negócio do não vi e não gostei. É uma merda isso, a gente perde um bocado de coisa interessante.

  Pois é, mas um filme dele em especial, que não tinha visto e não tinha gostado, não me saía da cabeça. Era o "Dançando no escuro", que tem como estrela a cantora Bjork, que eu ainda não tinha aprendido a gostar. Aí, no sábado passado, resolvi ver em sequencia o "Dançando no escuro" seguido de "Ondas do destino", outro aclamado filme dele.

  Fui esfaqueado duas vezes. O cara é dilacerante. Foi difícil, sofrido, mas ao final tive que me render. São dois filmaços. "Dançando no escuro" é um dos maiores filmes que já vi. Terrivelmente triste. Mas triste mesmo. Porém, sensacional. Como também é "Ondas do destino". Difícil dizer qual é melhor. Mas acho que fico com "Dançando no escuro" pela Bjork, de quem virei admirador.

  Acabei por ver também "Europa", filme que ele fez sobre a segunda guerra mundial e que também é muito bom. Viva o artista inquieto!  

sábado, 4 de maio de 2013

O ANTIGO MUSEU DO ÍNDIO E O ENGENHÃO

  Meus amigos, o Engenhão foi interditado por risco de desabamento em sua estrutura, certo? Pois é, e agora ninguém mais fala coisa nenhuma sobre isso. Tudo certo. Afinal, o Engenhão não será utilizado em nenhuma das duas importantes compoteições internacionais que vem aí. O foco de imprensa, governo e público está na novidade colossal chamada Maracanã.

  A questão é: com nosso maior estádio pronto, o que acontece com o Engenhão? O que tem sido feito para resolver o grave problema na estrutura do Engenhão? Pelo que parece, nada. Da mesma forma que nada tem sido feito em relação ao impasse com o elefante branco chamado Cidade da Música, na Barra da Tijuca.

   Pergunto: terá o Engenhão o mesmo destino trágico de abandono que atingiu o antigo Museu do Índio (vulgo Aldeia Maracanã)? Confesso que essa possibilidade me assusta.

  Mas acho que isso mudará logo. Podem apostar que logo algum político bom samaritano irá tomar  frente com a iniciativa de recuperar estes dois "monumentais símbolos de nossa cidade". Claro, mediante uma boa grana que entrará em seus bolsos para "financiar" sua generosidade. Isso significa milhões, provavelmente bilhões, que sairão dos cofres públicos para não ajudar em nada na vida da população. Gosto de futrebol, mas, na real, o Brasil tem coisas muito mais importantes a cuidar, pelo amor de Deus!

  E a Fifa? Putz, o que é a Fifa? Ela determina tudo, manda fazer, desfazer e refazer, corta aqui, quebra lá... Não, mas espere, tem um motivo muito nobre: o legado ddeixado depois (??). O papo é sempre "Ah, o Brasil foi comtemplado com a maravilhosa oportunidade de voltar a sediar uma copa do Mundo, que deixará um legado de coisas positivas para a cidade". A Fifa virou o Messias? É só seguir o que eles mandam e tudo se resolverá para o abençoado país escolhido para pagar a festa?

  Cara, o Brasil não precisa dessas esmolas de merda. Precisa é afastar os ladrões, limpar a casa. O país melhora porque tem condição de melhorar, porque a população fez por onde. Não melhora porque um punhado de políticos fez uma emenda, ou criou uma lei qualquer, que geralmente beneficia apenas a ele e seus comparsas. De fato, de vez em quando se faz algo no meio político digno de elogios, mas daí a colocar isso como salvação e seus autores como heróis... Porquê? Que se foda a porra da Copa do Mundo! Que se fodam as Olimpíadas! Ah, os esportes amadores (amadores??).  Eu quero é saber da educação, da saúde e da cultura. Ah, a cultura! Está em processo de extermínio... Sorte é que, graças a Deus, ainda temos alguma resistência, grandes cineastas, compositores, escritores e artistas de primeira grandeza insistem em aparecer. Difícil é explicar como, diante do quadro atual...

  Eu só tenho reclamado ultimamente, né? Devo estar ficando velho... Ou talvez esteja me dando conta de algumas coisas. Questões que fazem parte de um lado político com o qual eu nunca quis me envolver. Mas o calo está incomodando bastante ultimamente.

  Cheguei à conclusão, finalmente, de que o que eu faço não é música popular. Música popular hoje, aquelas mais cantadas e conhecidas, aquelas que tem o maior público, são as músicas que aparecem no programa "Esquenta", da rede Globo. De fato, o que tenho feito de música não se enquadra nesse caso. E sendo assim, tenho que entender pra onde devo levar essa minha música. Vivendo e aprendendo...

  Abraços a todos!